No Rio de Janeiro, as comunidades assentadas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vêm consolidando um modelo de atenção à saúde baseado na autonomia, coletividade e nos saberes populares. Um levantamento conduzido pela, Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) mostra a força das práticas integrativas no cuidado diário dos assentados e destaca a importância das parcerias institucionais, na construção de políticas públicas.

Os dados preliminares revelam que 92,7% dos moradores utilizam plantas medicinais no autocuidado, enquanto 87,3% cultivam suas próprias ervas. Idosos desempenham um papel essencial na preservação e transmissão dos saberes ancestrais, e as mulheres assumem protagonismo no cuidado familiar. Além disso, práticas como fitoterapia, automassagem e aromaterapia já fazem parte do cotidiano das comunidades, fortalecendo o compromisso com uma saúde integral, popular e autônoma.

O levantamento integra um projeto coordenado por Patrícia Canto Ribeiro, responsável pela atenção à saúde na VPAAPS, e executado pela RedesFito em parceria com o MST. A iniciativa conta com o apoio do vice-presidente da VPAAPS, Valcler Rangel, e destaca a colaboração entre movimentos sociais e instituições de pesquisa para o fortalecimento das práticas de saúde. A formação em fitoterapia e a integração das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) ao Sistema Único de Saúde (SUS) aparecem como demandas prioritárias, evidenciando o papel das alianças na implementação dessas ações.

Com esse trabalho conjunto entre MST, Fiocruz e RedesFito, as comunidades reafirmam a valorização dos saberes tradicionais e a construção de políticas públicas fundamentadas na realidade dos territórios. A parceria entre instituições científicas e movimentos sociais reforça o compromisso com um modelo de atenção à saúde que respeita a cultura local e promove a soberania popular.