Atuando ativamente no Centro de Inovação em Biodivesidade e Saúde de Farmanguinhos/Fiocruz, onde ocupa os cargos de Tecnologista Sênior e Consultor Técnico na Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico, com ênfase na inovação em medicamentos da biodiversidade, Benjamin Gilbert recebeu homenagem de colegas de trabalho e alunos no dia 27/09, quando completou 90 anos de idade.
Dr. Benjamin Gilbert é uma das principais autoridades na área de Química de Produtos Naturais, destacando-se como exímio pesquisador em fitoterapia e um excelente ser humano, exemplo de perseverença e alegria para todos que convivem com ele.
Gilbert é autor de 120 publicações científicas, entre elas, capítulos de livros sobre alcaloides indólicos e produtos naturais industrializáveis na Amazônia. O pesquisador atua na Fiocruz desde 1986, onde aplica seus valiosos conhecimentos na área da Química, principalmente em Química de Produtos Naturais, atuando nos seguintes temas: padronização Química de plantas medicinais, implantação da Fitoterapia no Sistema Único de Saúde/SUS e produção de monografias sobre plantas medicinais.
Benjamin Gilbert fez parte de grupos de peritos da Organização Mundial da Saúde para redação de livros de Monografias de Plantas Medicinais e de Guias de Boas Práticas de Produção Agrícola e de Controle de Qualidade, e de Monografias sobre Environmental Health Criteria. Participou do Comitê de Biologia e Controle de Vetores da Organização Pan-Americana de Saúde durante alguns anos e do Conselho Diretor da Organização para o Desenvolvimento de Química.
Um pouco mais sobre o pesquisador
Benjamin Gilbert nasceu em 27 de setembro de 1929 em Felixstowe, no litoral do condado de Suffolk, leste da Inglaterra e ainda criança, viveu os acontecimentos e as dificuldades da segunda guerra mundial, época marcada por grandes mudanças, dentre elas, a troca do cultivo das flores do jardim de sua residência pelo cultivo de legumes e hortaliças (batatas, rabanetes, feijões, ervilhas, verduras, cebolas, tomates etc.), como meio de sobrevivência. Gilbert com 15 anos é, então, encarregado por cuidar do controle das pestes que atacavam essas hortaliças e legumes.
Foi neste momento que a fascinação por produtos naturais tomou conta de Ben Gilbert. Ele tratou aquelas hortaliças e legumes com inseticidas naturais, como a casca da raiz em pó da Derris (Lonchocarpus urucu) - da qual o Brasil era o principal produtor mundial - para controlar as larvas de Lepidopteros que destruíam as verduras tipo repolho, e a Quassia amara L. - outra planta brasileira da Amazônia - para controlar os pulgões (Aphidae), pragas do feijão que atacavam e destruíam a planta.
Aos dezesseis anos, já no 2º grau, Ben teve sua iniciação científica com seu professor de química, Sr. Ransome, com quem aprendeu a entender e a se encantar pela química fazendo diversas experiências, dentre elas, a comprovação da composição da água.
Foi também com o professor Ransome que Ben Gilbert se fascinou pela matemática, usando o livro “Mathematical Recreations and Essays!” da biblioteca da escola para fazer os mais diferentes e complexos exercícios de matemática. Seu avô materno lhe ofereceu o livro chamado “The Canterbury Puzzles”, o que lhe aguçou ainda mais a faculdade de raciocínio. Na escola também ganhou como prêmios os livros “The Growth of Physical Science” pelo astrônomo real Sir James Jeans, e “Practical Organic Chemistry” por Julius B. Cohen. Esse último lhe ofereceu horas de fascinação, repetindo as experiências no laboratório da escola.
Em 1950, Benjamin Gilbert formou-se Bacharel em Química pela Universidade de Bristol e, em 1954, tornou-se Doutor em Química Orgânica. Foi um período de dedicação à Química de Produtos Naturais, trabalhando com estruturas de vários flavonoides, especialmente, as isoflavonas.
Em 1958, mudou-se para Detroit, Michigan, e entrou na Universidade de Wayne State para fazer Pós-Doutorado sob a orientação do Prof. Carl Djerassi, onde trabalhou no programa de pesquisa para determinar a estrutura de um inseticida natural presente em sementes de Mammea americana, conhecido no Brasil como abricó-de-Pará.
Em 1958, Benjamin Gilbert recebe convite do Prof. Carl Djerassi para viajar ao sul do México onde ficou por um período de 2 semanas conhecendo pela primeira vez a floresta tropical.
No México, recebeu convite para viajar ao Brasil para trabalhar com o Professor Walter Mors no Instituto de Química Agrícola (IQA) do Ministério da Agricultura (atual EMBRAPA-CTAA), onde conheceu e namorou a Engenheira Química Maria Elisa Alentejano, com quem se casou em 27 de setembro de 1959. O casal teve dois filhos, Billy e Peter.
Na década de 60 ajudou na fundação do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (NPPN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde atuou como Professor Visitante até 1972, orientando alunos de pós-graduação, além de participar de diversas atividades na área de doenças endêmicas.
Trabalhou na área de doenças endêmicas, a pedido do CNPq, no período de 60-70 juntamente com o grupo de Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Centro de Pesquisas René Rachou (CPqRR) da Fiocruz em Belo Horizonte, conhecendo o ciclo e a evolução da esquistossomose e da doença de Chagas, entre outras.
O trabalho de Ben Gilbert para eliminação de caramujos foi reconhecido internacionalmente. Por conta dele, passou a trabalhar como Conselheiro Temporário em Comitês de Biologia e Controle de Vetores, de Critérios de Saúde do Meio Ambiente, e de Segurança em Química da Organização Mundial da Saúde, Genebra, Suíça.
Trabalhou 9 anos na Companhia de Desenvolvimento Tecnológico (CODETEC), uma companhia privada, instalada em Campinas pela CEME e Secretaria de Tecnologia Industrial (STI) do Ministério da Indústria e Comércio no desenvolvimento de medicamentos sintéticos e naturais.
Desde 1986 atua na Fiocruz, onde coloca em prática seus vastíssimos conhecimentos na área da Química, com ênfase em Química de Produtos Naturais, atuando nos seguintes temas: padronização Química de plantas medicinais, implantação da Fitoterapia no Sistema Único de Saúde/SUS e produção de monografias sobre plantas medicinais. Fez parte de grupos de peritos da Organização Mundial da Saúde para redação de livros de Monografias de Plantas Medicinais e de Guias de Boas Práticas de Produção Agrícola e de Controle de Qualidade, e de Monografias sobre Environmental Health Criteria. Participou do Comitê de Biologia e Controle de Vetores da Organização Pan-Americana de Saúde durante alguns anos e do Conselho Diretor da Organização para o Desenvolvimento de Química.
Foi homenageado e agraciado por várias instituições nacionais e internacionais por mérito científico, com destaque por suas qualidades intelectuais, acadêmicas e morais; por suas contribuições para o desenvolvimento da Química no Brasil; por seu vastíssimo conhecimento na área de Fitoterapia e pela valorização dos aspectos tradicionais e científicos da fitoterapia, bem como por suas implicações nas áreas relacionadas a fitoterápicos, abrangendo diversas potencialidades do uso de plantas medicinais; por ser um dos pioneiros em estudos de fitoterápicos no país e autor de vasta produção científica, material que serve de referência para estudos com vegetais.
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