A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) reuniu, no final de março, instituições parceiras para discutir inovação relacionada à biodiversidade da Caatinga. Durante a reunião foram revisados projetos que avaliam os potenciais econômicos e sociais da região.

Além das RedesFito (Fiocruz), estavam presentes pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), representantes do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e do Instituto Tecnológico das Cadeias Biossustentáveis (ITCBio). O engenheiro ambiental da Sudene, Renato Arruda, apresentou a proposta de reunir organizações com expertise para transformar a rica biodiversidade da caatinga em ativo social e econômico, reforçando valor agregado dos produtos desenvolvidos a partir de plantas nativas deste ambiente. Segundo Renato, esta é uma iniciativa para a construção de um contexto que promova a saúde, a preservação ambiental, a inovação e a geração de empregos.

Durante o encontro a coordenadora do departamento de Bioquímica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Márcia Vanusa, apresentou o projeto Inventário de Plantas Medicinais da Caatinga, realizado em parceria entre a Universidade e o Instituto Nacional do Semiárido (INSA), com investimentos da Sudene. O projeto analisa a cadeia produtiva dos fitoterápicos e outros produtos que podem ser desenvolvidos pela biodiversidade do bioma, e foi produzido a partir das análises do uso de plantas medicinais pelas comunidades de municípios do sertão de Pernambuco. 

 

Ações em rede

Representando as RedesFito, o coordenador do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde de Farmanguinhos (NGBS), Glauco Villas Bôas, colocou em debate a inovação em medicamentos da biodiversidade e ressaltou a importância dos investimentos relacionados à pesquisa e das parcerias para a realização de projetos. Glauco apontou a inovação neste setor como um caminho para o desenvolvimento tecnológico de medicamentos no Brasil, com vistas a criar perspectivas para o desenvolvimento simultâneo de diversos setores da economia e para o reforço das questões sustentáveis como estratégia das políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil.

Villas Bôas definiu medicamentos da biodiversidade sendo aqueles que provêm da diversidade genética de espécies ecossistêmicas e destacou o papel do ecossistema neste processo. Glauco ressaltou o uso da agroecológica e a importância da sustentabilidade como condições de um novo caminho para o desenvolvimento tecnológico de medicamentos no Brasil.

O Instituto Tecnológico das Cadeias Biossustentáveis (ITCBio) apresentou duas iniciativas desenvolvidas em parceria com a Sudene: Desenvolvimento das Cadeias Biossustentáveis de Plantas Medicinais e Fitoterápicos em Pernambuco e Cadeia Biossustentável de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e Produtos Orgânicos de interesse econômico em Arranjos Produtivos Locais do Semiárido Nordestino. O primeiro consiste em estabelecer padrão de qualidade botânica, química, microbiológica e molecular a laboratórios produtores de plantas medicinais e fitoterápicos que funcionam em comunidades da Região Metropolitana do Recife. O segundo prevê o estabelecimento de ações de controle de qualidade (químico, microbiológico e molecular) para comprovar as propriedades dos bioprodutos desenvolvidos no semiárido.

O Instituto Nacional do Semiárido (INSA), parceiro da Sudene no projeto de identificação da cadeia biossustentável de plantas medicinais no semiárido brasileiro, reafirmou o compromisso da instituição em promover a integração entre instituições de ciência e tecnologia, indústrias e a sociedade em geral para avaliar recursos genéticos e bioquímicos do bioma Caatinga.

Segundo o representante das RedesFito, Glauco Villas Bôas, o maior desafio é transformar todas as iniciativas apresentadas na reunião em ações que promovam o desenvolvimento local sustentável. Glauco propôs a realização de um seminário nacional das RedesFito, envolvendo todos os potenciais parceiros na Caatinga e a organização de um portfólio com produtos da biodiversidade local.

Fonte: Site Sudene