Fonte: G1 Itapetininga e Região

Um grupo de agricultoras criou uma cooperativa de produção de plantas medicinais e desenvolveu um projeto que transforma as plantas em medicamentos para ser distribuídos de graça por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), em Itapeva (SP).  O projeto tem o patrocínio do Ministério da Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e parceria com estudantes do curso de farmácia da Faculdade Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva. A ideia é distribuir os medicamentos de graça pela rede pública até dezembro.

De acordo com a presidente da Cooperativa das Plantas Medicinas (Cooplantas), Patrícia Apolinário, há mais de 20 anos 32 mulheres, que são moradoras de um assentamento, trabalham com o cultivo de plantas medicinais que ajudam a curar a gripe e dores no corpo. Este ano elas resolveram ampliar o cultivo e proporcionar que as plantas se transformem em medicamentos.

“Nos reunimos para fazer o trabalho coletivo e organizar esse espaço de produção em uma horta com a qual a comunidade pudesse ter acesso a essas plantas medicinais para o preparo dos seus medicamentos que eram necessários no momento dos seus apertos, como problemas gripais e dores. A comunidade se servia dessas plantas para o preparo do medicamento. Mas, então, resolvemos ampliar e criar a cooperativa”, diz.

O projeto foi encaminhado para o Ministério de Saúde e, segundo Patrícia, até o final desta ano a cooperativa deve fazer parte de uma rede de medicamentos fitoterápicos. Fundadora da cooperativa e participante da ação, a agricultora Nazaré Carvalho garante que o legado do projeto ficará para as próximas gerações. “É uma cultura de avós que será deixada para os filhos e netos”, conclui.

Cooperativa e medicamentos - O trabalho das agricultoras é baseado na agroecologia, em que o principal é o cultivo orgânico para trazer benefícios sociais. Todas as cooperadas receberão uma bolsa do governo federal por um período de dois anos até que consigam gerar renda com as atividades desenvolvidas.

“Para que haja retorno econômico é necessário que se organize a produção com qualidade, de forma com que o produto seja colocado no mercado. Tanto no mercado institucional, que é no SUS, como em laboratórios”, afirma Patrícia.

A parte da pesquisa fica sob responsabilidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O professor e pesquisador Valério Morelli, de São Paulo (SP), foi até o assentamento para analisar as plantas e capacitar as agricultoras que participam da ação.

“Elas estão começando a entender a importância do uso adequado da adubação, da água e manejo, que para as plantas medicinais, quando são destinadas à produção de fitomedicamentos, possuem uma lógica diferente do que estamos acostumados. É um processo que ainda está em construção, mas que já mostra alguns sinais de mudança de hábitos. Isso envolve tanto a qualidade do produto a ser produzido, como a preocupação quanto ao uso dos recursos. Sejam eles a água, os adubos e o manejo da própria planta”, explica Morelli.

A cooperativa possuí quatro áreas, onde as agricultoras colocam em prática toda a cultura de cultivo, que vai desde o plantio, o cultivo, a colheita e também a secagem. Depois, a planta é levada para a faculdade, onde se tornará medicamento através da manipulação realizada por alunos do curso de farmácia da Faculdade Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva.

A coordenadora do curso de farmácia, Vivian Ferrari, esclarece a importância da parceria para ambos os lados. “Os alunos que estiverem participando vão poder aprimorar o conhecimento teórico pelo estágio vivenciado junto aos profissionais do SUS e principalmente com a população. Desta forma, vamos agregar as atividades de ensino, de pesquisa e de extensão, podendo ser parceiro desse projeto maravilhoso. Nós entramos com a parte da estrutura física e dos equipamentos. Isso só tem a contribuir com a formação do profissional farmacêutico”, destaca.

A previsão é que os medicamentos sejam distribuídos de graça pela rede pública até o final do ano.  “A finalidade do projeto é a atenção farmacêutica com segurança, eficácia, qualidade e acompanhamento terapêutico desses farmacêuticos depois que eles recebem os medicamentos. Além disso, é um projeto voltado para o SUS, com a distribuição totalmente gratuita”, ressalta a coordenadora do projeto Francine Campolin.

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