A criação e aplicação de novos padrões de consumo e negócios, o uso sustentável de recursos naturais, exemplos de engajamento da indústria em práticas ambientais e a importância da biodiversidade do Brasil foram assuntos que nortearam o 5º Encontro CNI Sustentabilidade, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).Com o tema “Biodiversidade e Florestas: Novos Modelos de Negócios para a Indústria do Amanhã”, o evento reuniu, no dia 22 de setembro, no Rio de Janeiro, empresários e especialistas brasileiros e estrangeiros.
O evento é um desdobramento da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Em sua palestra magna, o americano Boyd Cohen, especialista em empreendedorismo, PhD em urbanismo e coautor do livro ‘Capitalismo Climático’ (Editora Cultrix, 2011), afirmou que é necessário foco no desenvolvimento de ‘cidades inteligentes’, com eficiência energética e reaproveitamento de água, além de transporte e urbanismo sem tanto impacto ambiental. Como exemplo, citou Amsterdã, Barcelona, Medellín e Cingapura, onde a aplicação de esforços de sustentabilidade e inovação, com políticas públicas e atuação da sociedade civil, gerou melhoria na qualidade de vida da população. – É preciso integrar diferentes classes econômicas e contribuir para a construção de comunidades verdes. O conceito de compartilhamento é significativo no processo, assim como a aplicação de tecnologias inovadoras. Em Cingapura, a sociedade se reuniu na busca de soluções para o abastecimento de água, determinando as ações necessárias para o tratamento de esgoto e a dessalinização da água do mar – citou.
O ex-ministro do Meio Ambiente da Alemanha Klaus Topfer reforçou que o desenvolvimento sustentável está associado à compreensão das mudanças no comportamento humano: – A natureza é cíclica; e nela não há desperdícios. Walter Dissinger, CEO da Votorantim Cimentos, destacou a responsabilidade do setor industrial para um futuro sustentável, com a convergência de estratégias e de valores socioambientais.Executivos do Boticário, da Toyota e da Beraca também apresentaram iniciativas que resultam em ações ambientalmente sustentáveis – como redução nas emissões de gases de efeito estufa, economia de água e energia, reaproveitamento de matéria-prima e ações em benefício de comunidades onde atuam.
Biodiversidade e sustentabilidade na indústria
A riqueza da biodiversidade do Brasil – com cobertura florestal correspondente a 60% do território nacional – foi destaque entre os participantes, como para o dinamarquês Kim Carstensen, diretor-geral do Forest Stewardship Council (FSC): – O Brasil tem inúmeras reservas. Mas como será que as tem tratado? É preciso trabalhar com legalidade, previsão e garantia de direitos. Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a sustentabilidade é fator fundamental para a indústria: – O momento atual requer conexão entre as melhores práticas de gestão no que se refere à sustentabilidade de suas operações ao longo de toda a cadeia produtiva. A indústria brasileira não trata da sustentabilidade como uma manifestação de boas intenções. Cada vez mais ela incorpora seus princípios nos planos de negócios – disse.
Segundo a pesquisa ‘Retrato do uso sustentável de recursos da biodiversidade pela indústria brasileira’, para 84,2% dos empresários o país não tem tirado proveito do potencial desse segmento, seja por falta de perspectiva de aproveitamento da biodiversidade ou pela ausência de políticas públicas estruturadas. A pesquisa, apresentada pela diretora de Relações Institucionais da CNI, Mônica Messenberg, ouviu 120 executivos de pequenas, médias e grandes indústrias durante este ano.
Elizabeth Carvalhaes, presidente da Indústria Brasileira de Árvores, destacou que as organizações já atuam de forma engajada na conservação do meio ambiente e compreendem que a prática sustentável é positiva para as marcas. – Cuidar da biodiversidade é permitir que outras gerações usufruam o que temos hoje.