Ex-diretor do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), o farmacologista Sérgio Henrique Ferreira morreu na tarde de domingo (17/07), em Ribeirão Preto, cidade do interior de São Paulo. Membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, o pesquisador descobriu o fator de potenciação da bradicinina, um peptídeo derivado do veneno da jararaca, que é capaz de combater o aumento da pressão arterial.
Ferreira atuava como professor titular no Departamento de Farmacologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP). A pesquisa com a bradicinina, desenvolvida no Departamento de Farmacologia da FMRP/USP, foi fundamental para o desenvolvimento do Captopril, medicamento contra a hipertensão.
Por esses estudos, Sérgio Ferreira, juntamente com dois cientistas da Bristol Myers Squibb Farmacêutica, recebeu, em 1983, o Prêmio Ciba Award For Hypertension Research, outorgado pela American Heart Association. Em 1990, a Sociedade de Hipertensão Norueguesa instituiu o Prêmio Ferreira Award para os pesquisadores cujas pesquisas se sobressaíssem na área de hipertensão.
Ficou reconhecido internacionalmente também por sua contribuição na área de analgésicos anti-inflamatórios, tendo participado dos experimentos de John R. Vane, prêmio Nobel de Medicina em 1982, que levaram ao descobrimento do mecanismo dessas drogas. Com o seu grupo de pesquisa em Ribeirão Preto, Ferreira descobriu o mecanismo de ação analgésica periférica da dipirona e propôs o desenvolvimento de drogas opiáceas de ação periférica. Em 1990, por seus trabalhos em inflamação e analgesia, foi agraciado com o "Scientific Merit Award", pela Interamerican Society for Clinical Pharmacology and Therapeutics.
Ferreira integrou dois dos quatro grupos de pesquisa que o farmacologista Maurício Rocha e Silva, catedrático de Farmacologia da FMRP instituiu em 1962: no primeiro, investigava “o mecanismo de choque produzido por endotoxinas bacterianas, enzimas proteolíticas, peptonas e anafilaxia” e, no segundo, estudava as alterações metabólicas em células leucêmicas de camundongos, conforme relata a jornalista Mônica Teixeira no livro Circa 1962 – A ciência paulista nos primórdios da FAPESP.
Filho de uma farmacologista e de um médico, Ferreira graduou-se em Medicina na FMRP, onde também se doutorou em Farmacologia antes de fazer o pós-doutorado no Royal College for Surgeons of England. Atualmente, era um dos pesquisadores principais do Projeto Temático Mecanismos envolvidos na fisiopatologia da artrite reumatoide, dor e sepse, apoiado pela FAPESP.
Sérgio Ferreira presidiu a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) por dois períodos, entre 1995 e 1999, e era presidente de honra da entidade.
Ao longo de sua carreira, acumulou dezenas de prêmios, títulos e homenagens, como a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe da Grã-Cruz, de 1996, e o primeiro prêmio por excelência em pesquisa sobre a dor e gerenciamento em países em desenvolvimento (2005), da Associação Internacional de Estudos sobre a Dor (IASP, na sigla em inglês).
(Com informações da Agência FAPESP)