A socióloga e diretora de Operações da Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro (Redetec), Paula Gonzaga, apresentou a palestra Gestão em Redes: Desafios e Oportunidades, no último dia de março, na Sala de Conferência do Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM). À convite do Centro de Estudos e da Redes Fito, a palestrante trouxe assuntos de sua vivência de 30 anos em relação ao trabalho em rede, com as diversas modalidades, características, desafios e perspectivas. Paula agradeceu o convite e explicou sobre a rede em que atua. “Essa é uma grande oportunidade de mostrar os desafios de como é trabalhar em rede. Nós funcionamos como uma agência de casamento entre a oferta de conhecimento das nossas instituições, associado com as demandas do setor produtivo”, contou.

A palestrante dividiu o tema em quatro importantes partes: o que é a Redetec, conceitos e características, principais desafios e a experiência atual de desenvolvimento de metodologia de Gestão de rede. Segundo ela, a Redetec foi criada para potencializar o conhecimento gerado em suas instituições associadas, apoiar as empresas instaladas no Estado do Rio de Janeiro nos seus esforços de inovação e ser um locus neutro de suporte às ações do Sistema Estadual de Inovação. Ao total, são 52 instituições associadas à rede, sendo diversas empresas, universidades e instituições de pesquisa, inclusive a Fiocruz.

Atuando em diversas modalidades e projetos, a rede ainda tem como atividades a gestão de projetos, a participação em fóruns do Sistema Estadual de Inovação (SEI) e o apoio na Formatação de Negócios para startups, com inclusão do componente fomento à pesquisa, desenvolvimento e inovação. Ela ainda argumentou que um dos indicadores que as empresas tem utilizado como ferramenta para aumentar a capacidade inovadora é a organização em rede. Além de ferramentas de inteligência competitiva e gestão do conhecimento, uso intensivo do Planejamento Estratégico e do Plano de Negócios, Gestão por projetos e mudança da cultura organizacional.

Paula ressalta a importância da persistência, do tempo e a preocupação constante na formação de uma cultura de rede. Para ela, o trabalho em rede é importante para circulação de conhecimentos, aumentando o acesso à informações e havendo uma aprendizagem coletiva; compatibilidade de interesses; alianças com parceiros e fornecedores; minimiza ou compartilha riscos; elimina esforço duplicado e capta recursos de forma coletiva e ainda, representa o conjunto, passando neutralidade.

Foram apresentados alguns tipos de Rede de Instituições, que são usados vinculados ao propósito da associação, como por exemplo, as redes de pesquisa, redes de prestação de serviços e as redes temáticas. Paula apresentou ainda um exemplo para falar sobre a lógica de funcionamento próprio, onde explicou que não há um modelo a seguir, mas sim uma comprovação de algumas características comuns.

A palestrante detalhou pontos importantes para que o trabalho em rede dê certo. Como premissa, uma estrutura hierárquica, motivação e objetivos claros, desenvolvimento de método de atuação com o projeto de rede. Além disso, uma boa articulação com os stakeholders, modelo de sustentabilidade, identificação de um gerente / coordenador, estabelecimento das regras do jogo com papéis e modelos de governança e monitoramento e avaliação dos resultados. Paula descreveu ainda a tomada de decisões acordada por todos, a burocracia e o pensamento focado nos objetivos da rede como alguns dos desafios e das dificuldades existentes no dia a dia ao longo do trabalho em rede.

Segundo ela, toda rede tem um ciclo de vida. “Você começa a rede, configura, implementa, passa por etapas de estabilização. Mas pode acabar com a rede ou pode transformar e iniciar todo o ciclo novamente. Pode ter a mesma essência do começo, mas os propósitos podem mudar e os modelos se modificam ao longo da vida”, frisou.

Com descrição de cada etapa do ciclo e depois a explicação do desenvolvimento de metodologia de Gestão em Rede, Paula contou o passo a passo para a construção da Rede Sibratec- Desempenho Habitacional. E baseada em sua experiência, Paula ainda fala do principal critério para que a rede tenha sucesso. “Eu percebo que as pessoas que se engajam fazem as redes funcionar, independente de todos os critérios para que deem certo. O que vale é realmente a pessoa querer estar naquele lugar, com todos com o mesmo propósito”, ressaltou.

Fonte: Ascom Farmanguinhos