Durante três dias da semana, a rotina na Cooperativa dos Produtores Orgânicos da Reforma Agrária (Coperav), é a mesma: por volta de cinco horas da manhã, um caminhão de uma cooperativa parceira sai carregado com alface, couve verde e mandioca/aipim destinados a quatro hospitais de Porto Alegre.

Os produtos, orgânicos e higienizados, são utilizados para o preparo de mais de 20 mil refeições diárias para funcionários e pacientes de quatro unidades do Grupo Hospitalar Conceição (GHC): o Hospital Conceição, o Hospital da Criança Conceição, o Hospital Cristo Redentor e o Hospital Fêmina.

 Abastecimento

Os produtos serão entregues no decorrer de 2015 e a Coperav receberá pelo fornecimento. O agricultor Huli Zang ressalta a importância do contrato.

“Em primeiro lugar, é uma conquista política, de um espaço que antes era só dos grandes fornecedores. É também uma conquista de mercado. Possibilita que a gente complete o ciclo de produção, beneficiamento e comercialização. Por fim, tem a vantagem do período, são 12 meses de fornecimento. O que nos ajuda a organizar melhor a produção”, afirma.

 Envolvidos

Da produção nas hortas ao beneficiamento, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA/GHC) mobiliza cerca de 30 famílias das 130 associadas à Coperav. Conforme o agricultor José Luís Rodrigues, os produtos saem das hortas na véspera da entrega, já higienizados na Unidade de Beneficiamento de Vegetais do assentamento.

“Saem prontos para o consumo”, explica. A Unidade entrou em operação no ano passado e conta com recursos do programa de agroindustrialização do Incra, como o Terra Sol.

Logística

O transporte é feito de maneira colaborativa, com veículo da Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas (Comafitt), que também entrega produtos para o GHC. Desta forma, a logística é otimizada.

Pioneirismo

A experiência do GHC com a modalidade Compras Institucionais do PAA é pioneira no País e tem servido de modelo para outros órgãos governamentais. Em 2012, o Grupo já estudava alternativas para aquisição de alimentos da agricultura familiar e chegou a manter um contrato de 6 meses para fornecimento de arroz, feijão e leite, por meio de dispensa de licitação em 2013.

“Em maio de 2014, institucionalizamos a modalidade”, conta o coordenador da Compras Institucionais/PAA no GHC, Richard Silva Gomes. Atualmente, o GHC aplica R$ 4 milhões na aquisição de alimentos via PAA, realizando chamadas públicas para contratar os fornecedores. Além da economia, a medida tem outras vantagens.

“Não estamos comprando apenas pelo preço final ser de 15 a 20% menor. O gasto público deve servir para fortalecer o desenvolvimento local e a renda das famílias de agricultores. Além disso, como órgão de saúde, a questão da qualidade do produto é fundamental. Valorizamos a produção orgânica”, explica Gomes.

 Vantagem

Outro ganho do processo é o diálogo permanente com cooperativas e produtores, possibilitando colaborações e o trabalho em rede. O GHC mantém contato com produtores familiares, assentados e quilombolas. O grupo já prepara nova chamada pública para este semestre, desta vez para aquisição de produtos in natura.

 

Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário