Na palestra que fez, nesta quinta-feira (28/08) no Centro de Estudos de Farmanguinhos, o coordenador do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde (NGBS) da Unidade, Glauco Kruse Villas Bôas, se mostrou bastante preocupado com o sistema de inovação nacional. Sobre a questão da inovação em medicamentos, principalmente na área de fitoterápicos, lamentou que ainda haja um longo caminho a se percorrer, visto que apenas 5% desse mercado encontra-se na América Latina (contra 30% da Europa).
Glauco falou sobre o tema “A inovação em medicamentos da biodiversidade e a sustentabilidade nas políticas de ciência, tecnologia, inovação (CT&I) e saúde”, e advertiu ser necessário adotar uma metodologia em que se invista, mas também se conserve a biodiversidade. Segundo ele, a inovação nessa área representa uma grande oportunidade de desenvolvimento, e que “é necessário aproveitar os avanços que já existem nessa área para levar as discussões adiante”.
No encontro, Glauco explicou que a palestra seria uma “contribuição do ponto de vista acadêmico e serviria para situar o debate do NGBS sobre biodiversidade”. Ele dividiu o tema em seções, que se desenrolaram em assuntos como políticas de ciência e tecnologia, vertentes heterodoxas evolucionárias da economia, o alinhamento brasileiro às políticas internacionais relacionadas ao meio-ambiente, e as políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação, além de inovação em medicamentos da biodiversidade.
O Coordenador do NGBS afirmou que a temática acerca do assunto começa a ganhar contornos no final da Segunda Guerra Mundial com a criação de uma nova ordem monetária, o sistema Bretton Woods (reunião com 44 nações para estabelecer bases do funcionamento capitalista no pós-guerra). Em seguida, citou a globalização também como uma forma de modelo de desenvolvimento e a chamada economia verde, que seria uma terceira ordem mundial que se basearia em sustentabilidade para a discussão de novos modelos de desenvolvimento.
Segundo Glauco, para atender as políticas de CT&I com a proposta da economia verde seria necessário o resgate de conceitos contidos em “arcabouços conceituais”, os quais ele dividiu em três gerações. A primeira geração seria a de Defasagem Cultural e Modelo Linear de Inovação; a segunda a Globalização, competitividade Industrial e Crise Econômica; e a terceira abordando o sistema nacional de inovação, economia da informação e economia baseada no conhecimento.
Durante o debate, o pesquisador Benjamin Gilbert reforçou o posicionamento crítico de Glauco, ao informar e lamentar, simultaneamente, o fato de o Brasil, o país com a maior biodiversidade do mundo, ter registradas, oficialmente, para uso como medicamentos, apenas algumas poucas espécies. Sequer, chegam a cinco.
Clique aqui e veja a apresentação da palestar.
Fonte: Intranet Farmanguinhos