Atualmente, sete plantas fazem parte do projeto da Farmácia Viva de Riacho Fundo I, que também busca preservar o saber popular. A utilização de plantas medicinais não é novidade no Brasil, mas o projeto de Brasília pode ser destacado como pioneiro, teve início há 28 anos.
As sete espécies rendem nove tipos diferentes de medicamentos. Todos eles feitos artesanalmente em laboratórios de tecnologia simples, mas eficaz. A estufa onde as folhas são ressecadas antes de virarem pó ou chá, foi elaborada pela equipe do farmacêutico responsável pelo projeto, Nilton Luz Netto Júnior: lâmpadas incandescentes, telas e um exaustor.
Completa o trabalho, um equipamento avaliado em R$ 150 mil e adquirido pelo governo local, que garante a pureza absoluta da água que compõe os frascos e potes, evitando contaminações. Nas unidades de saúde, a produção do Farmácia Viva só é distribuída com prescrição de um profissional de saúde – médicos, enfermeiros ou farmacêuticos estão aptos a fazer as recomendações.
Por: Carolina Samorano
Os fundos da chácara que abriga o Instituto de Saúde Mental (ISM) do Distrito Federal, no Riacho Fundo I, guarda um tesouro. Na verdade, sete. O terreno, a cerca de 30 minutos do Plano Piloto, é a casa de plantas de diferentes cores e tons de verde, frutos e folhas de tamanhos variados que viram remédios em forma de chá, extrato alcoólico, pomada ou gel e são distribuídos gratuitamente para a população. É o encontro da natureza com os saberes popular e científico. Ali, o discurso sobre as condições precárias do já sucateado sistema de saúde pública, pelo menos em alguns metros quadrados, se descola da realidade.
Quando o farmacêutico Nilton Luz Netto Júnior passeia pelo local, explica com amor de pai o projeto Farmácia Viva, onde está há 25 anos e sobre o qual hoje responde como chefe. Fala com intimidade das espécies ali cultivadas e do valor de cada uma delas para combater males como infecções respiratórias, dores musculares, doenças de pele e ansiedade. Atualmente, sete plantas dividem espaço no horto instalado no ISM, além de plantações parceiras na Papuda e no Centro Nacional de Recursos Genéticos, na Embrapa.